sexta-feira, 23 de novembro de 2012

0 Engenhos de rapadura

A fabricação da rapadura teve início no século XVI, nas Canárias, ilhas espanholas do Oceano Atlântico. O produto foi exportado para toda a América espanhola no século XVII, época de grande expansão açucareira.
     A rapadura originou-se da raspagem das camadas (crostas) de açúcar que ficavam presas às paredes dos tachos utilizados para fabricação de açúcar. O mel resultante era aquecido e colocado em formas semelhante às de tijolos.
     No Brasil, os engenhos de rapadura existem desde o século XVII, ou talvez antes. Há registro da fabricação de rapadura, em 1633, na região do Cariri, Ceará.
     Os engenhos de rapadura eram pequenos e rudimentares. Possuíam apenas a moenda, a fábrica, onde ficavam as fornalhas, e as plantações de cana que, normalmente, dividiam o espaço com outros tipos de cultura de subsistência.
     Os grandes engenhos também fabricavam rapadura, mas não para fins comerciais. O produto era utilizado apenas para consumo dos habitantes locais.
     A cana usada para fabricar a rapadura no Brasil, até o século XIX, era a crioula. Surgiu depois a caiana, mais resistente a pragas, aparecendo, posteriormente, diversas variedades, como a cana rosa, fita, bambu, carangola, cabocla, preta, entre outras.
     No início, as moendas eram de madeira, movidas a água (onde havia abundância do líquido) ou tração animal (cavalos e bois). No século XIX, surgiram as moendas de ferro, usando-se ainda o mesmo tipo de tração. Depois os engenhos evoluíram passando a ser movidos a vapor, óleo diesel e finalmente a eletricidade.
     Por ter um mercado reduzido, em comparação com o do açúcar, a produção tinha um caráter regional, não sendo necessária a sofisticação exigida para fabricar o açúcar que era exportado. Até hoje produz-se rapadura no Brasil com métodos e técnicas rudimentares. Não houve a introdução de inovações no processo produtivo nem diversificação de produtos. A grande maioria dos engenhos continua produzindo rapadura em tabletes de 400g a 500g que são comercializados nas regiões próximas das áreas produtoras.
     No Nordeste do Brasil, os engenhos de rapadura em atividade são, na sua maioria, unidades antigas, com vários anos de existência. Sua produção é sazonal, feita em geral nos meses de julho a dezembro, ou seja, no período de estiagem no Agreste e Sertão. Os Estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba são os maiores produtores, existindo também produção significativa nos Estados do Piauí, Alagoas e Bahia.
     No Ceará, destacam-se as regiões do Cariri e da Serra do Ibiapaba. Em Pernambuco, os engenhos de rapadura se concentram no Sertão, sendo os municípios de Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde os maiores produtores. Na Paraíba, os dois grandes pólos são a região do Brejo e o Sertão.
     Segundo Câmara Cascudo, a rapadura foi o doce das crianças pobres, dos homens simples, regalo para escravos,cangaceiros, vaqueiros e soldados.
     A rapadura está presente na mesa do sertanejo. É o adoçante do café, do leite, da coalhada. É consumida com farinha, mungunzá, carne de sol, paçoca, cuscuz, milho cozido. Não há casa sertaneja sem farinha e rapadura.
     Os curandeiros também a usavam como adoçante do leite de cabra para os "fracos-do-peito", bebido de manhã cedo; misturado com mastruz esmagado e azeite quente, para curar úlceras e frieiras, além de considerá-la fortificante.
     O consumo da rapadura manteve-se no Nordeste, mesmo tendo que enfrentar a concorrência do açúcar e de outros adoçantes, principalmente nas regiões semi-áridas, porém é um mercado hoje em declínio. Nas cidades de grande porte da região a rapadura é comercializada, principalmente, nas feiras livres e em menor escala em grandes cadeias de supermercados. São Paulo tornou-se também um consumidor que merece destaque, devido aos migrantes nordestinos.
     A rapadura vem sendo introduzida, ultimamente, na merenda escolar de vários municípios, e nas cestas básicas distribuídas às famílias pobres pelo Governo.
     O consumo da rapadura no Brasil é de 1kg por habitante/ano. O maior consumidor mundial é a Colômbia, com a marca de 25kg por habitante/ano, além de ser também o primeiro país produtor de rapadura na América e o segundo do mundo depois da Índia.


                                        FONTE: Fundação Joaquim Nabuco
                                                                                   
           postado por Tony José sexta-feira,23 de novembro de 2012

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

0 Memorial Luiz Gonzaga

0 Brinquedos Populares


Não se sabe precisar em que época surgiram os brinquedos populares, sabe-se apenas que eles apareceram em todas as sociedades desde as mais remotas.
No contexto folclórico, o brinquedo popular é peça fundamental para o desenvolvimento intelectual e coordenação motora da criança.

Caracterizado como produto artesanal, o brinquedo age de forma interativa no mundo de fantasias da criança, aproximando-a da realidade social em que vive, desenvolvendo experiências internas e externas ao seu mundo, promovendo melhores resultados na aprendizagem.

Com o advento da revolução industrial, o brinquedo sofreu grandes modificações tecnológicas. Diminuiu a demanda artesanal e a sociedade passou a consumir os brinquedos industrializados, com novas formas e roupagens que fugiram da realidade social das crianças de classe média e baixa.

Mas apesar do avanço tecnológico, o brinquedo artesanal continua com a sua identidade cultural, que encanta as crianças de todas as gerações e classes sociais, ricas e pobres.

O brinquedo artesanal nunca deixou de ser fabricado, principalmente nas regiões mais pobres do Brasil, onde o artesanato é o meio de subsistência da maioria da população.
É grande a variedade destes brinquedos, que vai desde os carrinhos de madeira ou de lata, bonecas de pano, marionetes, aviãozinho de papel, pião, baladeiras, estilingue, badoque, papagaio ou pipa, peteca e outros. Todos são encontrados nas feiras livres, mercados , mercearias e museus.

Bodoque ou badoque

Originário da Índia, foi trazido para o Brasil pelos portugueses. Fabricado a partir de uma vara de marmelo de boa grossura, flexível e ressecada ao fogo, com ganzepe nas extremidades onde faz-se o encaixe para amarrar a corda, mais ou menos no centro, a madeira deve ser afinada para melhor flexibilidade. A corda é feita de barbante torcido e depois encerado para aumentar-lhe a resistência e durabilidade. Na metade da corda coincidindo com a empunhadura do arco, faz-se um trançado, chamado "malha" ou "rede", onde se coloca os projéteis, que geralmente são pedrinhas ou pelotas de barro cozido.

Carrinhos

Os carrinhos podem ser confeccionados a partir de sucatas industriais como latas de leite, óleo, doce, dependendo da criatividade do artesão. São encontrados em cores vibrantes e de vários modelos como as carretas¸ ônibus, carros de corridas, locomotivas. As ferramentas utilizadas para confecção são a bigorna, alicate, ferro de solda e martelo. São encontrados nas feiras livres, mercados e mercearias.

Estilingue


Conhecido também por setra, baladeira e atiradeira, sua utilidade é medir a pontaria dos participantes. É composto de três partes distintas: o gancho ou forquilha (cabo), o espástico e a malha. A forquilha é feita preferencialmente de laranjeira, goiabeira ou jabuticabeira. Nas extremidades das duas hastes da forquilha, amarra-se o elástico diretamente na madeira. O elástico usado é de câmaras-de-ar de pneus de automóveis, onde risca-se à lápis duas paralelas e corta-se duas tiras longas de mais ou menos trinta centímetros de comprimento e um centímetro de largura. A malha é uma parte do couro onde vai o projétil: pedra, mamona verde ou pelota de barro cozido.


Mamulengo  

É uma espécie de teatrinho de bonecos em forma de luva. Os bonecos são talhados em mulungu, cortiça ou feitos em papel marché, com aproveitamento de sucata. O mamulengo, como o fantoche tradicional, tem cabeça e braços ocos e é manipulado pelos dedos indicador, médio e polegar dos mamulengueiros ou artesãos.

Mula manca

A mula manca é um brinquedo confeccionado em madeira leve, com as características de uma burrinha, com os membros (pernas, pescoço e cauda). É colocada sobre uma base e tencionado por meio de fios ligados a uma espécie de mola localizada na base que quando é pressionada pelos dedos a burrinha movimenta-se para todos os lados.

Pião ou pinhão

Segundo Câmara Cascudo, no seu Dicionário de folclore brasileiro, a brincadeira do pião existe desde os tempos remotos. Na Grécia, era conhecido como strombo e em Roma como turba. No Brasil, o pião é um pequeno objeto feito de madeira, ou metal, tendo na ponta um prego ou ferrão. Com um cordão ou ponteira enrola-se da ponta ao corpo do pião e impulsiona-o para o chão e este ao desenrolar-se do impulso, fica a rodopiar. O jogador apara o pião em movimento, usando os dedos indicador e médio em forma de tesoura e deixa-o rodar na palma da mão, onde ele gira e ou ronca até parar.

Ratinho

O ratinho é confeccionado sobre um molde de barro cru, usando uma mistura de água, goma e papel. O artesão modela o brinquedo, coloca um carretel de barro cru embaixo do brinquedo tensionado por borracha, puxado por uma linha, põe rabo, orelha de borracha de pneu e pinta o corpo do bichinho com cores fortes primárias.

Xipoca

A xipoca é feita de um canudo de taquera de mais ou menos trinta centímetros de comprimento e um êmbolo feito de madeira resistente e pouco maior do que o tamanho do tubo, que deve correr, dentro do canudo não muito folgado. A munição é feita de pedaços de papel jornal molhado e amassado em forma de bolinhas e colocada no tubo com a vareta até atingir a extremidade e depois disparar. Este brinquedo é utilizado na "guerra", entre dois grupos de meninos distantes um do outro cerca de cinco a oito metros. Quanto maior a pressão mais distante é lançado o projétil.


                                     FONTE:Fundação joaquin nabuco

                     postado por Tony José quarta-feira, 14 de novembro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

0 OS 3 DO NORDESTE

Em 1969, os nordestinos Parafuso, Zé Cacau e Zé Pacheco uniram-se para montar o Trio Luar do Sertão. O grupo, que em 72 passou a se chamar Os Três do Nordeste, foi apadrinhado por ninguém menos que Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo, como relatado na contra-capa do disco lançado em 1975: "Jackson chegou para Abdias e, com seu jeitão bem paraibano, falou: - Taí, Baixinho. Se tu quiseres ouvir três cabras bons, danados e lançar um elepê, é só me dizer que eu trago eles aqui."

A referência de Jackson foi o empurrão essencial para o crescimento do trio que já tem quase 40 anos de carreira. Ao longo desse período, passou por cinco mudanças de formação. Um dos vocalistas, que ficou 10 anos na função, foi Mestre Zinho. Hoje, Parafuso continua na zabumba e faz os shows ao lado de Deda, vocalista e trianguleiro, e Adriano, sanfoneiro.

Os Três do Nordeste apresentaram ao público canções que marcaram a vida de muita gente. É Proibido Cochilar, por exemplo, é figura marcada de qualquer festa de São João. Por Debaixo dos Panos, conhecida na voz de Ney Matogrosso, foi primeiro gravada pelo trio. Assim foi com Forró de Tamanco, Da Boca Pra fora, Forró do Poeirão, Homem com H, O Melhor Forró do Mundo, Osso Duro de Roer, Cama Fofinha, Pra Virar Lobisomem,  Amor Sobrando e tantas outros clássicos da música brasileira. Ao todo, foram mais de 40 discos gravados, todos repletos de músicas até hoje reproduzidas por forrozeiros de todos os cantos.


                                                                    Fonte:forropedeserradf.blogspot.com.br
                                                                                                                                                                              
                                          postado por tony josé quinta-feira- 4 de outubro de 2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

0 Zé Ramalho

No começo de carreira do jovem José Ramalho Neto suas maiores maiores influências eram o rock da Jovem Guarda, Beatles e Rolling Stones.Por volta do 20 anos, Ramalho dedicou mais sua música ao caráter nordestino como é conhecido hoje.
O compositor e intérprete paraibano conheceu logo depois Alceu Valença e Geraldo Azevedo, com quem começou a fazer música.
Nos anos 70, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde Vanusa gravou sua primeira composição de sucesso, Avorai. Lançou seu disco solo em 1978 chamado Zé Ramalho,nesse trabalho uniu o pop, rock e a música nordestina sendo também reconhecido como poeta e letrista. Em 1979 gravou seu grande sucesso Admirável Gado Novo.
Nos anos 80,lançou um disco por ano, incluindo os sucessos A Terceira Lâmina, Força Verde, Dança das Luzes, Desejo de Mouro e Mary Mar.
Lançou nos anos 90, os trabalhos Frevoador, Cidades e Lendas e posteriormente Antologia Acústica em 1997 e dois volumes de O Grande Encontro junto com Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Avezedo.
Nação Nordestina, foi uma homenagem às personalidades nordestinas brasileiras, lançado em 2000, esse álbum tem a capa parodiando o famoso disco dos Beatles, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Esse trabalho foi indicado como melhor disco de música regional no Grammy latino.
Ele lançou um projeto em 2001 que vinha planejando há tempos, Zé Ramalho canta Raul Seixas que ganhou uma versão em DVD feita do show de lançamento no Canecão, no Rio de Janeiro. Em 2005 lançou Zé Ramalho ao vivo, em DVD e CD que traz seus maiores sucessos.

                                                                          Fonte: arquivosnet.wordpress.com

                                                  postado por tony josé segunda-feira,1 de outubro de 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

0 Zé Laurentino

Zé Laurentino:
Natural do Sítio Antas, Puxinanã/PB. Caririzeiro, de orígem rural, começou fazer versos aos 12 anos de idade.
Estudou no Ginásio Comercial “Plínio Lemos”, onde demonstrou sua inclinação de líder, exercendo a atividade de representante de classe e presidente do Grêmio Estudantil. Foi eleito vereador em 1972, sendo o segundo vereador mais votado. Nos palanques recitava, arrancando aplausos do público com um dos seus primeiros poemas: “Retorno à Casa Paterna. Já exerceu a função de Presidente da Casa do Poeta Repentista de Campina Grande (Casa do Cantador) por mais de uma vez.
Foi desenvolvendo sua criação poética e não parou mais. De inteligência privilegiada o poeta Zé Laurentino coloca-a serviço do seu povo, fazendo rir e tirando lições do acontecer cotidiano caipira.
É como Amazan, seu contemporâneo e sucessor, prende a atenção do público quando está declamando suas poesias matutas, cascateadas de caboclo humor. Quem tem “competência se estabelece” e estes dois poetas, são prova disso. Sentaram praça na “poesia matuta” nordestina, sendo ambos seus melhores representantes da atualidade.
A Zé Laurentino é a encarnação do interior nordestino, este sentir rústico, forte, telúrico e pândego ao mesmo tempo.
Autor das seguintes obras:
Sertão, humor e Poesia [5 edições/1990]; Meus Versos Feitos na Roça;Carta de Matuto; Na Cadeira do Dentista; Poesia do Sertão; Dois Poetas Dois Cantares [Parceria Edvaldo Perico]; A Grande História de Amor de Edmundo e Maria (Cordel); Poemas, Prosas e Glosas [1988]. (maria do socorro cardoso xavier) 


 O Matuto e o Doutor
(poesia matuta)
Zé Laurentino*

Douto não sou rico não
Mas vivo desapertado
Tenho uma casa de aipende
Vinte cabeça de gado
Uns quatro burro de caiga
E um cavalo manga laiga
Prumode eu andá montado.

Tenho uma roça bonita
De uveia tenho rebanho
Tenho um açude cheinho
Só mecê vendo o tamanho
Onde eu dou água a meu gado
E quando o calo ta danado
Serve mode eu toma banho.

Tenho um casa de menino
Uma mulé de verdade
Tenho um rádio falado
Que eu comprei na cidade
E uma viola de pinho
Onde toco bem cedinho
Mode espantá a sodade.

Um boi, um cutivador,
Vinte quadro de raiz,
E tá todinho cercado
A cerca fui eu quem fiz
Bode p’ru riba não sarta
Mais com tudo ainda farta
Uma coisa preu ser feliz.

Pode acreditá douto
Eu vivo sentindo fome
Mas não é fome de comida
Lá em casa a gente come
Tem dinheiro na gaveta
Eu sinto fome é das letra
Eu quero assiná meu nome.

P’ra eu não mandá lê carta
Pelos fí de seu Honoro
Pruquê as veis é segredo
E ele espaia o falatoro
Descubrindo os meu segredo
Pra eu não suja mais os dedo
Nos tinteiro dos cartoro.

P’ra não anda preguntando
Os carro pra donde vão
P’ra quando eu fô p’ra os banco
Não leva pricuração
Quero meu nome assina
Prumode eu também vota
Nos dia de eleição.

Me ensine lê seu douto
Eu peço pru caridade
Voimicê que é sabido
Que mora aqui na cidade
Me ensine a lê e conta
Prumode eu completa
A minha felicidade.

Doutor:
Caboclo eu não te ensino
Mas te aconselho, afinal
Quer aprender a ler?
Carta, bilhete, jornal?
Ler, escrever e contar
Pois vais te matricular
Num dos postos do Mobral.

Lá tu irás encontrar
Professora competente
E que no mundo dos livros
Vai clarear tua mente
Saber é algo profundo
Tu irás ver este mundo
Com uma visão diferente.

Vais caboclo nordestino
Da bravura és o perfil
A escola te espera
Com teu aspecto gentil
Ponha os livros nas mãos
Vais ajudar teus irmãos
A educar o BRASIL.

Matuto:
Muito obrigado douto
Pelo conseio, o afeto,
Vô convida a mulé,
Meus fios tomém meus neto
Não vô mais sê imbeci
E breve eu grito ao Brasí
Não sô mais anarfabeto!

Vô hoje mermo p’ra iscola
Com o livro, caderno e giz
Pois estudano eu tomem
Ajudo ao meu país
Depois que eu aprende a lê
Aí eu posso dize
Sô um caboco feliz!!! 


                                                     Fonte:usinadeletras.com.br 

                                postado por tony josé sexta-feira,21 de setembro de 2012




                                       

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

0 Assis Chateaubriand


Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo nasceu em Umbuzeiro, Paraíba, no dia 4 de outubro de 1892, filho do bacharel em Direito, José Chateaubriand Bandeira de Melo e Carmem Chateaubriand Bandeira de Melo.
É interessante esclarecer que Chateaubriand é prenome e não sobrenome de família. Seu avô paterno, Francisco Aprígio de Vasconcelos Brandão, entusiasmado com as obras do escritor francês François Chateaubriand, registrou os filhos com o prenome Chateaubriand.

Assis Chateaubriand teve uma infância difícil, marcada por privações e problemas psicológicos devido a uma gagueira incontrolável e uma grande timidez. Foi uma criança magra, gaga e feia, sem a vitalidade dos outros três irmãos Ganot, Jorge e Osvaldo.

Seu pai foi morar em Belém do Pará, deixando-o aos cuidados do avô materno, Urbano Gondim, que morava em Timbaúba, Pernambuco, onde tinha propriedades. A experiência foi positiva. Chateaubriand melhorou da gagueira e tornou-se menos tímido.

Aos nove anos, voltou a morar com a família que havia retornado ao Recife, mas ainda não sabia ler. Foi alfabetizado por um tio e dois amigos do seu pai, Antônio Feliciano Guedes Gondim, Manoel Távora Cavalcanti e Álvaro Rodrigues Santos, quando já tinha dez anos de idade. Antigos exemplares do jornal Diario de Pernambuco serviram-lhe de cartilha.

No final de 1903, morou um tempo com seu tio e padrinho Chateaubriand Bandeira de Melo, em Campina Grande, Paraíba, onde foi submetido a um programa intensivo de estudos para recuperar o tempo perdido.

Em novembro de 1904, retornou ao Recife e prestou exame no curso de admissão da Escola Naval. Fez o curso secundário no Ginásio Pernambucano e começou a estudar alemão com os frades do convento de São Francisco, tornando-se um leitor compulsivo.

Seu primeiro trabalho foi na Gazeta do Norte recortando classificados.

Em 1908, ingressou na Faculdade de Direito do Recife indo trabalhar na época como aprendiz de repórter no jornal A Pátria. Trabalhou também no Jornal do Recife, no Diario de Pernambuco e no Jornal Pequeno, no qual publicou a maior parte de suas reportagens no Recife.

Em 1913, aos 21 anos, bacharelou-se em Direito. Ao formar-se já era editor e redator-chefe do Diario de Pernambuco, que na época  pertencia ao conselheiro Rosa e Silva e tinha como diretor Arthur Orlando.

Em 1915, tentando buscar novos horizontes, foi para o Rio de Janeiro, então a capital do Brasil. Naquela cidade fez muitas amizades, inclusive com pessoas influentes. Colaborou nos jornais A Época, Jornal do Commercio, Correio da Manhã, do Rio de Janeiro e também na edição vespertina d`O Estado de São Paulo.

Seu sonho era “adquirir um jornal, como primeiro elo de uma cadeia”.Para conseguir o dinheiro, instalou uma banca de advocacia e com seu bom relacionamento com pessoas importantes, conseguiu vários clientes e ações.

Foi consultor para leis de guerra no Ministério das Relações Exteriores, no governo Nilo Peçanha, mas deixou o cargo para ser redator-chefe do Jornal do Brasil.

Em 1919, depois de deixar o Jornal do Brasil foi convidado para ser correspondente internacional na Europa, trabalhando para o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Viajou pela Suíça, Inglaterra, França, Holanda, Itália e Alemanha, obtendo sucesso jornalístico e pessoal.

Em setembro de 1924, adquiriu O Jornal, do Rio de Janeiro, dando início à cadeia nacional de jornal, rádio e televisão dos Diários Associados, que iria revolucionar o jornalismo brasileiro, inovando a imprensa, modernizando equipes, processos e veículos. 

Chatô, como alguns o chamavam, tornou-se uma personalidade conhecida no Brasil e no exterior, respeitado e temido pelos poderosos. Participou de todas as grandes campanhas de opinião de seu tempo.

Em 1934, incorporou a sua cadeia o Diario de Pernambuco, o jornal mais antigo em circulação na América Latina, onde havia iniciado sua carreira de jornalista.

Além dos Diários Associados chegou a possuir dez fazendas agropecuárias e laboratórios farmacêuticos.

Além de empresário de sucesso, foi um incentivador da cultura e da arte brasileiras. Criou o Museu de Arte de São Paulo, o MASP e ocupou a cadeira nº 37, da Academia Brasileira de Letras.

No campo da política, elegeu-se senador pela Paraíba em 1951 e pelo Maranhão em 1955.

Em 1960, sofreu um derrame cerebral ficando totalmente paralítico. Mesmo nessa situação viajou muito dentro e fora do País, mantendo-se informado de tudo, dirigindo suas empresas e jornais.

Assis Chateaubriand morreu em São Paulo, no dia 6 de abril de 1968.


                                            FONTE: Fundação Joaquim Nabuco

               postado por Tony josé quarta-feira,19 de setembro de 2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

0 Carro de Boi

Sendo originário da Idade da Pedra ou do período Neolítco, o carro de boi surgiu no Brasil com os primeiros engenhos de açúcar, na época da colonização portuguesa.
Foi um dos primeiros instrumentos de trabalho, além do mais antigo e principal veículo de transporte utilizado no País, principalmente nas áreas rurais, por quase três séculos.
O carro é composto por duas rodas, um grade ou mesa de madeira e umeixo. As rodas são feitas de madeira de boa qualidade, com um anel de ferro de forma circular nas extremidades, para garantir maior resistência. Primitivamente, o carro não era ferrado e as pessoas diziam que “o carro andava na madeira”. A grade possui cerca de três metros de comprimento por um e meio de largura, com duas peças mais resistentes de cada lado e uma terceira no meio, mais comprida, destinada a atrelar o carro à canga, uma peça, também de madeira, com mais ou menos um metro de comprimento, contendo um corte anatômico para assentar bem no pescoço do boi, sendo segura por uma correia de couro chamada de brocha. A grade é apoiada sobre um eixo. O ponto de apoio da grade sobre o eixo são duas peças de madeira chamadas cocão. O chiado ou cantiga característica do carro de boi é produzido pelo atrito do cocão sobre o eixo.
As madeiras utilizadas na construção dos carros de boi tinham que ser fortes, principalmente as das rodas. As mais usadas eram o pau d`arco, aaroeira, sucupira, a carnaubeira.
O carro de boi pode ser puxado por uma, duas ou mais juntas ou parelhas. Cada junta possui dois bois, que trabalham um ao lado do outro, unidos pelacanga.
Nos terrenos mais planos e em trabalhos mais leves utiliza-se, normalmente, uma parelha e nos mais pesados, desenvolvidos em terrenos mais acidentados, duas ou mais, uma atrás da outra. As parelhas são conjugadas por uma corrente que liga as cangas.
Nos engenhos, durante o verão, época da moagem, o boi era atrelado ao carro para transportar a cana e o açúcar e, no inverno, ao arado para revolver e cavar a terra destinada ao plantio da cana-de-açúcar.
O condutor do carro que comanda os bois é chamado de carreiro. Normalmente, utiliza uma vara fina, com mais ou menos três metros de comprimento, contendo uma ponta de ferro para ferroar o animal, castigando-o ou indicando a direção a ser seguida. Usa também um chapéu de couro, umpeitoral e um facão, colocado numa bainha de couro pendurado no cinto.
Os bois se acostumam de tal forma com o carreiro que, muitas vezes a um simples chamado dele, se dirigem vagarosamente e ficam parados próximo ao local onde são normalmente encangados. Batizados com nomes pitorescos, como Cara Preta, Presidente, Azulão, Lavareda, Malhado, Pachola, Curió, atendem pelo nome ao chamado do carreiro.
No início o linguajar do carreiro, elemento fundamental para a manobra dos carros de boi, não passava de sons gaguejados como “ôu!”... para parar os bois ou “êi!”... para fazê-los descer ladeiras. Evoluiu depois para frases e expressões tipo “Vamos embora!” e “Volta boi Azulão!” “Carrega boi Malhado!” O carreirodirigia-se ao animal específico que queria comandar, sendo seus gritos reconhecidos e atendidos.
Além de ajudar no transporte de cana, açúcar e lenha nos engenhos, o carro de boi servia para transportar mudanças e conduzir pessoas. Havia tambem uma versão coberta. Foi utilizado como carruagem para a nobreza rural brasileira; como transporte de bandas de música das cidades para o interior e vice-versa; para levar as famílias sertanejas às festas de Natal e Ano Novo, quando eram todos enfeitados para a missão e, ainda, nas campanhas políticas, servindo de elemento de aproximação entre eleitores e candidatos.
Nos anos de 1939 a 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, devido à falta combustível para caminhões e automóveis, o carro de boi voltou a aparecer, por algum tempo em certas regiões do País ajudando a transportar cargas e pessoas.
Atualmente, em Goiás, é utilizado pelos romeiros que vão da cidade de Damolândia para o Santuário do Divino Pai Eterno, no município de Trindade (a cerca de 74km de distância) para participar da Festa de Trindade, que acontece no final do mês de junho e início de julho. Os carros são enfeitados e participam de um desfile que é muito concorrido e apreciado pelos participantes da festa.
Na história do Brasil, o carro de boi aparece na Colônia, no Império, na República, na Revolução de 1930, no Estado Novo. Pode apresentar variações de “modelos” e nomes: carro, carroça ou carreta, como no Rio Grande do Sul, porém, nenhuma cidade, vila, povoação, fazenda, sítio, do litoral ao sertão ignora a existência deste rústico e primitivo meio de transporte, que ajudou a fazer a história do Brasil.

O carro de boi ronceiro
foi o veículo primeiro
no Nordeste do Brasil!

O carro de boi, coberto
de ganga*, toda florada
Levava em dia de festas
Pela soalheira estrada,
pela sombria floresta,
Sinhazinhas e Sinhás!...

E que cantiga dolente
para a alma dessa gente,
não tinha o carro de boi?

Hoje se um automóvel,
passa veloz, fonfonando,
deixa a saudade acordando
do tempo que já se foi...
Do carro de boi coberto
de ganga toda florada...

As pálidas sinhazinhas
transformaram-se em “granfinas”...
............................................

Desses carros, restam ruínas
Na bagaceira do engenho...

João Rogério,
pseudônimo do poeta pernambucano Regis Velho.


                                           FONTE: Fundação Joaquim Nabuco

               postado por tony josé quarta-feira,12 de setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

0 Antonio Nóbrega

Antonio Carlos Nóbrega é violinista, cantor, dançarino e ator. Nasceu no Recife, no dia 2 de maio de 1952. Até os dez anos de idade, viveu em várias cidades do interior de Pernambuco, pois em decorrência da profissão de seu pai, médico sanitarista, era obrigado a mudar-se periodicamente.
      Foi aluno do Colégio Marista do Recife. Aos 12 anos, ingressou na Escola de Belas Artes do Recife, onde estudou violino clássico com o professor catalão chamado Luis Soler e canto lírico com Arlinda Rocha.
      De formação clássica, Antonio Nóbrega iniciou sua carreira na Orquestra de Câmara da Paraíba, na capital João Pessoa, ali permanecendo até final dos anos 1960. Na mesma época participou da Orquestra Sinfônica do Recife, onde se apresentava também como solista.
      Por essa época, Antonio Nóbrega embora de formação erudita, participava de um conjunto de música popular com suas irmãs e, de vez em quando, compunha músicas que apresentava com elas, no Recife, na época dos festivais da televisão.
      Em 1971, foi convidado pelo escritor Ariano Suassuna para integrar o Quinteto Armorial na qualidade de violinista, quando gravou então quatro discos e excursionou pelo mundo divulgando a música tradicional nordestina.
       Daí em diante, sua carreira deslanchou. Passou a manter contato mais estreito com todas as expressões da cultura popular, como os brincantes de caboclinho, de cavalo-marinho e outras que se tornaram objeto de suas pesquisas. Revelava-se então um artista multidisciplinar, pois além de conseguir fazer uma mixagem entre a arte erudita e a arte popular era capaz de cantar, dançar, tocar bateria, rabeca, violão e ter habilidades circenses.
       Em 1976, dirigiu seu primeiro espetáculo intitulado A Bandeira do Divino que estreou no Recife e, depois, A arte da cantoria, espetáculo que participou do Primeiro Festival Internacional de Teatro, em São Paulo, promovido por Ruth Escobar. Em 1983, foi para São Paulo com o espetáculo Maracatu Misterioso, um solo que contava com a participação de sua esposa Rosane (no papel de contra-regra e, ao mesmo tempo, atuando no espetáculo).
       Em São Paulo, Antonio Nóbrega deu início a outra fase da sua carreira artística. Foi um dos fundadores do Departamento de Artes Corporais da Universidade de Campinas (Unicamp) e também do Circo Brincante de São Paulo.
        Em 1989, criou o espetáculo O Reino do Meio-Dia, seguido por Brincantes e Segundas Histórias. Esses dois espetáculos foram estrelados por seu personagem Tonheta que nasceu de uma tipologia popular, uma espécie de colcha de retalhos de diversos tipos comuns em praças e ruas do Brasil. Entre os grandes espetáculos realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo, destaca-se Figural, em 1990. Nesse espetáculo, Nóbrega, sozinho no palco, tem um desempenho admirável, com mudança de roupas e de máscaras para fazer ricas e variadas demonstrações da cultura popular brasileira e mundial. Em 1996, criou o espetáculo Na Pancada do Ganzá (baseado na viagem etnográfico-musical de Mário de Andrade pelo Brasil). Na sequência criou Madeira que cupim não rói. Esses dois shows foram lançados em CDs pelo Estúdio Eldorado.
        Mantém em São Paulo a Escola e Teatro Brincante, um centro cultural que promove eventos e cursos ligados à dança, música e arte circense. Entre os prêmios recebidos pode-se destacar o Troféu Mambembe, pelo conjunto de sua obra; o Prêmio O Globo, pelo melhor show do ano; além do Prêmio Sharp, pelo melhor CD, Na pancada do Ganzá; e o Prêmio Apca de Projeto e Pesquisa Musical do Ano.
         O espetáculo 9 de frevereiro (frevo + fevereiro), que é uma homenagem ao carnaval de Pernambuco, ficou em cartaz, em São Paulo, até 12 de novembro de 2006, para, em seguida, ser exibido no Rio de Janeiro. Esse espetáculo apresenta o frevo nas suas várias formas de ser tocado: executado por orquestra de sopro, por conjunto regional, por violino, por instrumentos de percussão ente outros e diversas formas de ser dançado: por um só dançarino (Nóbrega) em passos estilizados de dança moderna, com vários dançarinos em passos de frevo, com e sem sombrinha e até com todo o público, em ciranda de frevo.
        O espetáculo também apresenta um momento para ensinar mais sobre o frevo. A orquestra explica as modalidades e costumes da dança e Antonio Nóbrega ensina uma pessoa da platéia a fazer os passos.
         Segundo Coelho e Falcão (1995) Antonio Nóbrega é um desaguadouro de múltiplas vertentes, entre elas, as das criações do folclore, das histórias picantes, da literatura de cordel, do circo mambembe, das folias carnavalescas e das mais variadas manifestações 
                                    
                      FONTE: Fundação Joaquim Nabuco
                              postado por tony  josé sábado,8 de setembro de 2012

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

0 Expressões populares

Veja também a Atividade Pedagógica Expressões Populares!

                  
[...]  a vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil...
                         Manuel Bandeira, Evocação do Recife                              

  
          A pesquisa, o registro e a reunião de vocábulos e expressões populares, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, foi sempre uma preocupação para pesquisadores e folcloristas como Alfredo de Carvalho, Pereira da Costa, Luís da Câmara Cascudo e Mário Souto Maior, entre outros.

         O povo é que faz a língua, adicionando termos e expressões. É importante salientar que a maioria das expressões populares existentes no português falado no Brasil, tem origem no Norte e Nordeste, onde a língua falada e escrita, nesse idioma, foi mais desenvolvida por causa do processo de colonização.

         Por ser um país de proporções geográficas enormes, o Brasil possui muitas expressões lingüísticas regionais: o linguajar gaúcho, com influências das suas fronteiras; a influência portuguesa, no linguajar nortista; o modo do nordestino se expressar; a gíria carioca; expressões típicas de Minas Gerais e São Paulo. Hoje, com a tecnologia eletrônica e as facilidades na comunicação entre as pessoas, as expressões populares “viajam” pelo território nacional, tornando-se mais conhecidas. Até as novelas de televisão as utilizam.

         Algumas expressões populares típicas do Nordeste:
 
a torto e a direito- indiscriminadamente;
abestado – bobo, abestalhado;
aboletar-se – instalar-se;
acocho –aperto, arrocho;
amofinado – aborrecido, infeliz;
aperreado – nervoso, preocupado;
arretado – irritado ou então algo muito bom;
assim ou assado – de uma maneira ou de outra;
assobiar e chupar cana- fazer duas coisas ao mesmo tempo;
atanazar – aborrecer, importunar;
atirar pedra em casa de marimbondo- mexer com quem está quieto e se arriscar;
bagunçar o coreto – anarquizar, cometer desordem;
balela – boato, conversa fiada;
bater o facho – morrer;
berloque – pingente, enfeite;
birinaite – bebida alcoólica;
bisaco – saco, sacola;
botar as barbas de molho – tomar as devidas precauções;
brocoió – medíocre, caipira;
bugigangas – coisas sem valor;
cabreiro – desconfiado;
cachete – comprimidos, pílulas;
cafua – depósito, lugar pequeno;
cafundó – lugar muito longe;
cascavilhar – procurar, investigar;
chamaril – coisa para chamar a atenção;
chinfrim – coisa ordinária;
cutucar o cão com vara curta – mexer com quem está quieto e se arriscar;
deforete – tomar uma brisa, ao ar livre;
degringolar – desordenar, desorganizar, algo que dar errado;
derna – desde
destambocar – tirar pedaço;
destrambelhada – desajustada metal;
empeiticar – importunar; 
empiriquitado – enfeitado;
encangado – junto, pregado;
espoletado – danado da vida, com raiva;
estrambólico – extravagante, esquisito;
faniquito – desmaio, chilique;
fiofó – traseiro;
fuleiro – sem muito valor, ordinário;
fulustreco – fulano;
fuzuê – barulho, confusão;
gaitada – risada estridente, gargalhada;
gastura – incômodo, mal-estar;
goga – contar vantagem, vaidade;
guenzo – magro, esquelético;
inhaca – mau cheiro, catinga, fedor;
inté – até logo;
jururu – triste, pensativa;
labrugento ou lambugento – serviço malfeito;
lambança – desordem, barulho;
levar gato por lebre – ser enganado, logrado;
levar desaforo pra casa – acovardar-se, não reagir;
macambúzio – tristonho, pensativo;
malamanhado – desarrumado;
manzanza – preguiça, demora;
mundiça – gente sem educação;
nadica – nada;
nopró – indivíduo difícil;
nos trinques – nos conformes;
oião – curioso, enxerido;
onde o diabo perdeu as botas – lugar ermo, distante;
pantim – exageros, espantos;
peba – coisa ordinária;
peitica – insistência incômoda;
pendenga – assunto por acabar;
penduricalho – enfeite;
pé-rapado – pobretão;
pinicar – beliscar;
pinóia – expressão de aborrecimento;
piripaque – passar mal;
potoca – mentira;
rabiçaca – sacudidela, movimento;
salceiro – barulho, confusão;
samboque – pedaço;
sorumbático – tristonho, pensativo;
sustança – força, vigor;
trepeça – algo que não serve pra nada;
virar defundo – morrer;
virar o copo – ingerir bebida alcoólica;


                                                    Fonte:fundaj.gov.br
                postado por tony josé segunda-feira,20 de agosto de 2012

domingo, 19 de agosto de 2012

0 Canhoto da Paraíba


O músico e compositor Francisco Soares de Araújo, conhecido como Canhoto da Paraíba, nasceu de uma família de músicos – avô clarinetista, o pai tocava violão, os irmãos (nove) revezavam-se entre outros instrumentos – aos dezenove dias do mês de maio de 1928, na cidade de Princesa Isabel, sertão da Paraíba.

            Canhoto da Paraíba é considerado por expoentes musicais brasileiros – Pixinguinha, Luperce Miranda, Dilermando Reis, Jacob do Bandolim, Radamés Gnatalli, Paulinho da Viola, entre outros – um violonista de primeira grandeza e esse reconhecimento deve-se ao seu talento e à sua técnica de tocar o violão num estilo contrário ao da escola de violão convencional: do lado esquerdo, sem precisar inverter as cordas. Aliás, ele adotou essa técnica quando tinha 12 anos.  O instrumento era compartilhado com os irmãos e, por isso, ele não podia transformá-lo num violão que somente os canhotos pudessem dedilhar. Desta forma, observava seu pai tocando e ia aprendendo.

            O curioso é que para escrever ele utiliza a mão direita; para chutar bola, o pé direito, mas para realizar qualquer serviço utiliza a mão esquerda, inclusive para tocar violão, cavaquinho e bandolim.

            Sua trajetória musical iniciou-se em 1948, quando viajou para o Recife para participar de um programa na Rádio Clube de Pernambuco. Em 1953, assinou contrato com uma rádio da Paraíba. Nessa época, já havia formado um conjunto musical. Em 1958, mudou-se para o Recife e, no ano seguinte,  numa excursão de músicos nordestinos, viajou para o Rio de Janeiro. Lá, ele participou de um sarau na famosa casa de Jacob do Bandolim, onde estava presente a nata do choro carioca. Canhoto da Paraíba tocou violão magistralmente e despertou o entusiasmo e a admiração de todos.

            Autor de mais de 80 canções, Canhoto da Paraíba já se apresentou em shows com grandes nomes da música popular brasileira e gravou alguns discos:Único Amor (1968) e  Um violão direito nas mãos do Canhoto (1974), que saíram pelo selo da extinta  Rozemblit;  Canhoto da Paraíba com mais de mil (também conhecido como Violão brasileiro tocado pelo avesso) produzido por Paulinho da Viola para Discos Marcus Pereira; Fantasia nordestina volume dois(1990), produção independente de Geraldino Magalhães e Lula Queiroga;Pisando na brasa (1990), último trabalho solo, gravado pela Kuarup; e, em 1993, sai o CD Instrumental no CCBB: Canhoto da Paraíba e Zimbo Trio, pelo selo Tom Brasil.

            Em 1998, Canhoto da Paraíba sofreu uma isquemia cerebral que paralisou o braço esquerdo e o impede de tocar até hoje. No mês de maio deste mesmo ano, sabedores do seu estado grave, em sua homenagem e para ajudá-lo a cobrir as despesas médicas e de tratamento intensivo, vários dos grandes nomes do chorinho e do samba realizaram um show beneficente no Teatro Guararapes, Recife.

            Canhoto da Paraíba está no Recife desde 1958 e, atualmente, mora com as filhas, fruto de dois casamentos, no bairro de Maranguape I, cidade de Paulista, Pernambuco.

            Francisco Soares de Araújo, o Canhoto da Paraíba, foi um dos contemplados como Patrimônio Vivo de Pernambuco através da Lei estadual nº 12.196 de 2 de maio de 2002.

             Faleceu na cidade do Recife, no dia 24 de abril de 2008.

                                                                  
                                                                FONTE: fundaj.gov.br

                                                

                                     postado por tony josé Domingo,19 de agosto de 2012   

                                                                          

                                                                                               



                                                                     

mel de abelha

 
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