quarta-feira, 27 de junho de 2012

0 A MORTE DO VAQUEIRO


Raimundo Jacó Mendes Nasceu em 1916 no município de Exu, era primo legítimo de Luiz Gonzaga. Apesar da pouca idade, sua inteligência e coragem lhe renderam a experiência que foi reconhecida pelo proprietário do Sítio Lajes, em Serrita, que lhe deu o emprego de vaqueiro, em sua grande fazenda.
Jacó se destacou através de feitos que despertaram a admiração de muitos e a inveja de outros. Entre os invejosos está Miguel Lopes, com quem passou a ter uma rixa.
Narra a lenda que, o dono da fazenda ordenou que Jacó e Miguel Lopes fossem pegar na caatinga uma rês, arisca e estimada, que se afastou do rebanho, a data era 8 de julho de 1954.
Ao fim do dia Miguel Lopes volta à sede da fazenda, sozinho, sem comentar sobre Jacó e a rês. Os outros vaqueiros preocupados, no dia seguinte saíram à procura de Raimundo Jacó e em meio a caatinga encontraram-no morto, ao lado da rês ainda amarrada e o seu fiel cachorro latindo, sem sair de perto. Uma pedra manchada de sangue denunciava a covardia do assassinato.
Miguel Lopes foi incriminado, abriu-se um processo, mas foi arquivado por falta de prova e o crime ficou sem solução, caindo no esquecimento. Tomando conhecimento disso, Luiz Gonzaga protestou com música A Morte do Vaqueiro[1]
O assassinato de Raimundo Jacó deu origem a um evento religioso chamado Missa do Vaqueiro.


                                                           
                                                                                 Fonte: wikipedia.org
                                  postado por tony josé quarta-feira,26 de junho de 2012

                                                                              

quinta-feira, 21 de junho de 2012

0 Ciclo Junino


O ciclo junino chega com a participação do povo. Ricos e pobres festejam o ciclo junino que envolve danças, comidas típicas, superstições, adivinhações, crendices, fé e muita animação.

Para o ciclo junino são consagrados três santos do mundo católico durante o mês de junho. São eles: Santo Antônio, São João e São Pedro, que alegram as festas juninas. O mais popular em Portugal e no Brasil é Santo Antônio. Santo português, nascido em Lisboa no ano de 1195, é o preferido pelas mulheres como Santo casamenteiro. É também o Santo que sempre dá um jeitinho nas coisas e causas perdidas. Salienta Pereira da Costa:

[...algumas mulheres chegam até mesmo a tirar o menino Jesus dos braços de Santo Antônio para restituí-lo somente depois de realizado o milagre; viram o Santo de cabeça para baixo, tiram-lhe o resplendor e colocam sobre a tonsura uma moeda pregada com cera; e por fim, quando tarda o milagre [de fazer aparecer o marido], e cansadas já de tanto esperar, atam o Santo com uma corda, e deitam-no dentro de um poço, o que deu lugar, uma vez, a desaparecer a imagem porque era de barro e derreteu-se completamente ao contato d'água.


Também temos vários folhetos que retratam histórias com Santo Antônio. É o caso do folheto A moça que pisou Santo Antônio no pilão para casar com o boiadeiro, de José Costa Leite, que conta os sofrimentos do Santo nas mãos das vitalinas. Também, muitas adivinhações são feitas na véspera do dia 13 de junho, data comemorativa de Santo Antônio. No dia 12 junho, dia dos namorados, as moças utilizam as mais variadas adivinhações do nosso folclore para conseguir um marido (SOUTO MAIOR, 1977).
    
São João e São Pedro também são venerados no ciclo junino. São João é o primo de Jesus Cristo, nascido no dia 24 de junho, pregador da alta moral, áspero, intolerante e ascético. Segundo Câmara Cascudo  

o São João é festejado com alegrias transbordantes de um deus amável e dionisíaco com farta alimentação, músicas, danças, bebidas e uma marcada tendência sexual nas comemorações populares, adivinhações para casamento, banhos coletivos pela madrugada, prognósticos do futuro, anúncio de morte do curso do ano próximo... Segundo a tradição o Santo adormece durante o dia que lhe é dedicado tão ruidosamente pelo povo, através dos séculos e países. Se ele estiver acordado, vendo o clarão das fogueiras acesas em sua honra, não resistirá ao desejo de descer do céu para acompanhar a oblação e o mundo acabará pegando fogo.


Assim temos o hábito de acender fogueiras durante o ciclo junino, hábito vindo da Europa, quando as populações do campo festejavam a proximidade das colheitas e faziam sacrifícios para afastar os demônios da esterilidade, pestes de cereais, estiagens. Nos cultos agrícolas também acendiam-se fogueiras que foram divulgados pelo domínio do folclore e da etnografia européia.

Essa devoção ao culto de São João vinda de Portugal se espalhou pelo Brasil inteiro. Muitas adivinhações também são feitas na véspera de São João.

São Pedro também tem o seu espaço no ciclo junino. Discípulo, Santo chaveiro, primeiro papa, é festejado no dia 29 de junho juntamente com São Paulo. Padroeiro dos pescadores o Santo é festejado com uma procissão marítima.

E nesses festejos, ao som dos fogos e da fumaça das fogueiras, não podem faltar as comidas típicas que tornam as festas mais saborosas. Milho cozido, milho assado, canjica, pamonha, bolo de milho, ah! Que cheiro bom. Quem nunca mexeu uma canjica com colher de pau não sabe o verdadeiro gosto que tem a festa de São João. E o pé-de-moleque, a cocada, pipoca, beiju, bem-casado, bolo de macaxeira, manuê de milho, fazem o sabor natural da festa junina.

Nos arraiais acontecem as quadrilhas, de origem européia, dançadas nos salões dos palácios por volta do século XVIII, nos bailes da corte. Aquadrilha acompanha a zabumba, o triângulo e o sanfoneiro que dá o ar de sua graça no xén én én do forró. Eitá!! Que tá bom demais! Há também no início da quadrilha, o casamento matuto que consiste numa representação jocosa, onde as pessoas utilizam um linguajar característico do povo da roça e com um ar de malícia fazem o público se divertir com o espetáculo teatral. É presente também a língua francesa na marcação dos passos da quadrilha. O xote,o baião, o xaxado, coco e a polca, fazem os ritmos dos festejos juninos. Contamos também com a presença dos bacamarteiros nos festejos juninos, que segundo Olímpio Bonald Neto:

[...] seria a representação simbólica do cangaceiro, a figuração sublimada do guerrilheiro das caatingas, com todo seu conteúdo místico e aventureiro que se expande a se reafirmar pacificamente, gastando as tendências agressivas de modo inofensivo, aplicando de forma artística os excessos aguerridos na figura folclórica do atirador espetaculoso.

Os bacamarteiros enfeitam as festas juninas exibindo os seus bacamartes que contém cargas com pólvora seca, emitindo um estrondo em homenagens aos Santos padroeiros ou cerimônias cívicas e políticas.

Existe também o acorda povo, que é uma procissão realizada na noite de São João, para acordar São João. Por isso quando alguém dorme muito, o dito popular acusa: "dormiu igual a São João".

Porém, as quadrilhas vêm se transformando. Clóvis Cavalcanti em seu artigo, São João "estilizado", revela sua preocupação:

vê-se nessa transformação, por um lado, uma perda lamentável de identidade, um abandono de nossas ricas raízes folclóricas e, por outro, uma massificação sem sentido que nivela e igualiza modos de comemorar o São João que tinham sabor específico em cada forma local dos festejos. No meu entender por trás de tudo isso residiria um empobrecimento cultural assustador de nossa sociedade.

Desse modo, até a capital do forró, que é Caruaru, está sendo chamada de "Disneylândia do forró". A nossa festa tradicional virou uma festa massiva, um comércio de artigos da nossa região. Tem até kits para participar das quadrilhas que estão sendo chamadas de "drilhas" como: machadrilhas, gaydrilhas, babydrilhas, entre outras. Utilizam uma indumentária com brilhos de muitos enfeites e babados que não se adaptam ao nosso clima. Néstor Garcia Canclini diz que "o kitsch é a resposta de como ser elegante na época de cultura de massas".

Recentemente, as associações dos compositores cantadores e músicos de Caruaru, protestaram porque não estão tendo espaço para tocar na festa de São João, onde os forrós eletrônicos vem ganhando cada vez mais espaço. Nossas raízes folclóricas estão se moldando na cultura de massas. Antes, a diferença era que trazia e fazia o brilho das quadrilhas com a criatividade e originalidade dos integrantes que participavam da mesma. Hoje, o ciclo junino, mesmo perdendo esse "sabor específico" e ganhando o "cheiro da tecnologia" não deixará de ser evidenciado, mas não podemos descaracterizar o que é nosso. É uma pena que estejam transformado a simplicidade dos festejos juninos em um grande festival. Sou a favor do forró pé de serra no chão batido, da fogueira no quintal, do cheiro da canjica ainda no fogo, da fumaça que chega a arder nos olhos, do chapéu de palha, da saia de chita , das músicas de Luiz Gonzaga ao som da sanfona, da zabumba e do triângulo, das bandeirinhas que enfeitam os arraiais, do chinelo de couro e da chuva que ajuda a encher os salões para todo mundo dançar o forró. Essa lembrança do interior, que vem com o ciclo junino desperta um sentimento de "originalidade" nos nordestinos. Esse sentimento só é permitido porque é tempo de São João!


                       Fonte: FUNDAÇÃO Joaquim Nabuco

               postado por tony josé quinta feira,21 de junho de 2012

quarta-feira, 20 de junho de 2012

0 15 Anos Sem Chico Science


Francisco de Assis França, filho de Francisco França e Rita França, nasceu em 13 de março de 1966, no interior de Pernambuco.

Na década de 1970, sua família migrou para o Recife em busca de melhores condições de vida. Residiram por pouco tempo na cidade, logo mudando-se para o bairro de Rio Doce, no município de Olinda, onde Chico Science, juntamente com seus irmãos, viveu a maior parte da sua vida entre os mangues e o urbano, paisagem que tornou-se um marco na sua trajetória artística e permanente fonte de inspiração.

Nos anos de 1980, em plena adolescência, Chico trabalhava em biscates para ganhar dinheiro e poder freqüentar os bailes funk. Era um apaixonado da arte e da música regional, como o frevo, a ciranda, o maracatu e outros estilos folclóricos. Seus ídolos eram James Brown, Sugar Hill Gang , além de outros nomes da chamada Black Music.

Em 1984, juntou-se ao grupo de danças de rua, Legião Hip-Hop, onde aprendeu muito sobre poesia, música, letras e a liberdade para pensar e criar em cima de situações cruéis da sociedade contemporânea.

A partir dessa época, Chico Science foi amadurecendo o seu espírito revolucionário que passou a ser visualizado no seu comportamento e nas suas perfomances. Procurou unir a tradição cultural, a linguagem, o povo e as suas necessidades. As letras das suas músicas eram direcionadas à realidade de uma sociedade que clama por um mundo mais ético e menos cruel. Questionava o progresso, propunha mudanças e justiça social, através de uma linguagem crítica do homem/caranguejo/mangue/urbe, com a intenção de criar uma nova sociedade democrática e justa.
Na década de 1990, uniu-se ao grupo afro Lamento Negro, do bairro de Peixinhos, no Recife. Fizeram uma parceria, cujo gênero musical resultou numa mistura de ritmos de maracatu regional ao som de tambores, atabaques, guitarras, frevo, embolada, xaxado, samba-reagae, rap e rock. A estréia oficial do novo grupo que se chamou Chico Science e Nação Zumbi, aconteceu no Espaço Oásis, em Olinda, no dia 1º de junho de 1991. No show o grupo faz pesadas críticas às condições da população e à cidade do Recife, onde há muita marginalidade, pobreza e uma grande quantidade de crianças e adolescentes viciados em drogas dormindo em calçadas.

No primeiro Festival "Abril Pro Rock" em 1994, a Banda Chico Science e Nação Zumbi, foi um dos primeiros grupos a lançar o movimento do mangue, com um estilo rock adrenalítico, uma mistura de maracatu e cibernética, denominado "Afrociberdélia", cujo ponto de fusão era um comportamento e um estado de espírito das cabeças pensantes do manguebeat. A definição de toda essa expressão artística é: a África, enquanto raízes culturais e genéticas;cibernética, como extensão digital-eletrônica do corpo e psicodélia, o exercício e equilíbrio da mente liberta e criadora. Este estilo musical é um marco referencial na sociedade pernambucana, cujo princípio básico foi a criação de um novo rock genuinamente pernambucano.

Como artista popular e crítico social, Chico Science soube desempenhar bem o seu papel. Semeou a arte criativa e o sentimento nacionalista em defesa da cidadania e do patrimônio sociocultural, com fortes raízes fincadas na lama do mangue pernambucano e brasileiro, com o propósito de mostrar e conectar o Brasil ao mundo.

No dia 2 de fevereiro de 1997, Chico Science faleceu em conseqüência de um acidente automobilístico, no Complexo de Salgadinho (Recife), nas proximidades de um mangue, cenário escolhido por ele para exaltar nas suas canções, dentro do contexto social e dos valores culturais da sociedade pernambucana.

Chico Science será lembrado não somente como um cantor e compositor que abriu novos caminhos para um estilo novo de música pop, o rock pernambucano, que revolucionou a estética, sem perder as raízes, mas como um artista que amava a arte e o povo do mangue de Pernambuco e do Brasil.
     

       
                                               FUNDAÇÃO:Joaquim Nabuco

                    postado por tony josé quarta-feira,20 de junho de 2012                                       

                                            






mel de abelha

 
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