A
literatura de cordel é assim chamada pela forma como são vendidos os
folhetos, dependurados em barbantes (cordão), nas feiras, mercados,
praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do interior e nos
subúrbios das grandes cidades. Essa denominação foi dada pelos
intelectuais e é como aparece em alguns dicionários. O povo se refere à
literatura de cordel apenas como folheto.
A
tradição dessas publicações populares, geralmente em versos, vem da
Europa. No século XVIII, já era comum entre os portugueses a expressão literatura de cego, por causa da lei promulgada por Dom João V, em 1789, permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação.
Esse
tipo de literatura não existe apenas no Brasil, mas, também, na Sicilia
(Itália), na Espanha, no México e em Portugal. Na Espanha é chamada de pliego de cordel e pliegos sueltos (folhas soltas). Em todos esses locais há literatura popular em versos.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, no livro Vaqueiros e cantadores (Porto
Alegre: Globo, 1939. p.16) os folhetos foram introduzidos no Brasil
pelo cantador Silvino Pirauá de Lima e depois pela dupla Leandro Gomes
de Barros e Francisco das Chagas Batista. No início da publicação da
literatura de cordel no País, muitos autores de folhetos eram também
cantadores, que improvisavam versos, viajando pelas fazendas, vilarejos e
cidades pequenas do sertão. Com a criação de imprensas particulares em
casas e barracas de poetas, mudou o sistema de divulgação. O autor do
folheto podia ficar num mesmo lugar a maior parte do tempo, porque suas
obras eram vendidas por folheteiros ou revendedores empregados por ele.
O
poeta popular é o representante do povo, o repórter dos acontecimentos
da vida no Nordeste do Brasil. Não há limite na escolha dos temas para a
criação de um folheto. Pode narrar os feitos de Lampião, as
"prezepadas" de heróis como João Griloou Cancão de Fogo, uma história de amor, acontecimentos importantes de interesse público.
Segundo Ariano Suassuna,
um estudioso do assunto, a literatura popular em versos do Nordeste
brasileiro pode ser classificada nos seguintes ciclos: o heróico, o
maravilhoso, o religioso ou moral, o satírico e o histórico.
Atualmente,
a literatura de cordel não tem um bom mercado no Brasil, como acontecia
na década de 50, quando foram impressos e vendidos dois milhões de
folhetos sobre a morte de Getúlio Vargas, num total de 60 títulos.
Hoje, os folhetos podem ser encontrados em alguns mercados públicos, como o Mercado de São José, no Recife, em feiras, como a de Caruaru, e em sebos (venda de livros usados). Há uma coleção de folhetos de cordel disponível para consulta, no acervo da Biblioteca Central Blanche Knopf da Fundação Joaquim Nabuco.
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco
basilio.fundaj.gov.brpostado por tony José terça-feira-10 de abril de 2012
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