Francisco de Assis França, filho de Francisco França e Rita França, nasceu em 13 de março de 1966, no interior de Pernambuco.
Na
década de 1970, sua família migrou para o Recife em busca de melhores
condições de vida. Residiram por pouco tempo na cidade, logo mudando-se
para o bairro de Rio Doce, no município de Olinda, onde Chico Science,
juntamente com seus irmãos, viveu a maior parte da sua vida entre os mangues e o urbano, paisagem que tornou-se um marco na sua trajetória artística e permanente fonte de inspiração.
Nos anos de 1980, em plena adolescência, Chico trabalhava em biscates para ganhar dinheiro e poder freqüentar os bailes funk. Era um apaixonado da arte e da música regional, como o frevo, a ciranda, o maracatu e outros estilos folclóricos. Seus ídolos eram James Brown, Sugar Hill Gang , além de outros nomes da chamada Black Music.
Em 1984, juntou-se ao grupo de danças de rua, Legião Hip-Hop,
onde aprendeu muito sobre poesia, música, letras e a liberdade para
pensar e criar em cima de situações cruéis da sociedade contemporânea.
A
partir dessa época, Chico Science foi amadurecendo o seu espírito
revolucionário que passou a ser visualizado no seu comportamento e nas
suas perfomances. Procurou unir a tradição cultural, a linguagem, o povo
e as suas necessidades. As letras das suas músicas eram direcionadas à
realidade de uma sociedade que clama por um mundo mais ético e menos
cruel. Questionava o progresso, propunha mudanças e justiça social,
através de uma linguagem crítica do homem/caranguejo/mangue/urbe, com a intenção de criar uma nova sociedade democrática e justa.
Na década de 1990, uniu-se ao grupo afro Lamento Negro,
do bairro de Peixinhos, no Recife. Fizeram uma parceria, cujo gênero
musical resultou numa mistura de ritmos de maracatu regional ao som de
tambores, atabaques, guitarras, frevo, embolada, xaxado, samba-reagae,
rap e rock. A estréia oficial do novo grupo que se chamou Chico Science e Nação Zumbi, aconteceu no Espaço Oásis, em Olinda, no dia 1º de
junho de 1991. No show o grupo faz pesadas críticas às condições da
população e à cidade do Recife, onde há muita marginalidade, pobreza e
uma grande quantidade de crianças e adolescentes viciados em drogas
dormindo em calçadas.
No primeiro Festival "Abril Pro Rock" em 1994, a Banda Chico Science e Nação Zumbi, foi um dos primeiros grupos a lançar o movimento do mangue, com um estilo rock adrenalítico, uma mistura de maracatu e cibernética, denominado "Afrociberdélia", cujo ponto de fusão era um comportamento e um estado de espírito das cabeças pensantes do manguebeat. A definição de toda essa expressão artística é: a África, enquanto raízes culturais e genéticas;cibernética, como extensão digital-eletrônica do corpo e psicodélia, o
exercício e equilíbrio da mente liberta e criadora. Este estilo musical
é um marco referencial na sociedade pernambucana, cujo princípio básico
foi a criação de um novo rock genuinamente pernambucano.
Como
artista popular e crítico social, Chico Science soube desempenhar bem o
seu papel. Semeou a arte criativa e o sentimento nacionalista em defesa
da cidadania e do patrimônio sociocultural, com fortes raízes fincadas
na lama do mangue pernambucano e brasileiro, com o propósito de mostrar e
conectar o Brasil ao mundo.
No
dia 2 de fevereiro de 1997, Chico Science faleceu em conseqüência de um
acidente automobilístico, no Complexo de Salgadinho (Recife), nas
proximidades de um mangue, cenário escolhido por ele para exaltar nas
suas canções, dentro do contexto social e dos valores culturais da
sociedade pernambucana.
Chico
Science será lembrado não somente como um cantor e compositor que abriu
novos caminhos para um estilo novo de música pop, o rock pernambucano,
que revolucionou a estética, sem perder as raízes, mas como um artista
que amava a arte e o povo do mangue de Pernambuco e do Brasil.
FUNDAÇÃO:Joaquim Nabuco
postado por tony josé quarta-feira,20 de junho de 2012
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