Em Caruaru, município de Pernambuco, conhecido com a capital do Agreste realiza-se nas quartas-feiras e sábados uma das feiras livres mais completas e importantes do Nordeste brasileiro. A feira surgiu há mais de 200 anos e sua origem se confunde com a da cidade. O local era ponto de parada para vaqueiros que traziam o gado do Sertão para o Litoral e de mascates que faziam o sentido inverso. A feira acontece aos sábados, começa a ser montada no dia anterior, à tarde, assim que começam a chegar os primeiros sertanejos e brejeiros, com seus produtos para vender. Chegam usando os mais diversos tipos de transportes: jumento, carroça, velhos caminhões, camionetas, bicicletas, carros de boi e também carros. Por sua diversidade, hoje a feira de Caruaru movimenta o local praticamente todos os dias da semana.
Em 1992, foi transferida do Largo da Igreja da Conceição para o Parque 18 de Maio, também localizado na parte central da cidade.
Centenas de barracas coloridas espalham-se por mais de dois quilômetros nas ruas da cidade, vendendo uma grande variedade de produtos, principalmente objetos do artesanato popular: chapéus de palha, de couro e tecido, cestas, objetos de barro e cerâmica, brinquedos populares, gaiolas.
Há setores onde se vende frutas, verduras, cereais, ervas medicinais, carnes, assim como outros onde são encontrados roupas, calçados, bolsas, panelas e outros utensílios para cozinha, móveis, animais, ferragens, miudezas, rádios, artigos eletrônicos importados e muitos outros.
Existe um setor chamado troca-troca onde nada se vende, tudo se troca: bicicletas, relógios, rádios, roupas, instrumentos musicais, carteiras. São negociados depois de muita pechincha. Cegos tocam sanfona, violeiros e cantadores lançam seus desafios e os vendedores de literatura de cordel anunciam através de um alto-falante as proezas dos cangaceiros.
Conjuntos musicais e bandas de pífanos também são encontradas no meio da feira. É ali, na mistura de comércio, festa e arte, que os artistas populares criam uma cultura nordestina.
A feira de Caruaru tem muitos aspectos que, embora sejam muito comuns para os que moram na cidade, surgem como um bonito exotismo para os visitantes. É um ponto de atração para artistas, poetas, boêmios e turistas de todos os cantos do Brasil e do exterior, que se juntam ao povo da terra, superlotando as barracas, constituindo-se também, uma substancial fonte de renda para o município de Caruaru.
O baião de Onildo Almeida, cantado por Luiz Gonzaga é um resumo interessante do que é a feira de Caruaru.
A feira de Caruaru
Faz gosto a gente ver
De tudo que há no mundo
Nela tem prá vender
Na feira de Caruaru
Tem massa de mandioca
Batata assada, tem ovo cru
Banana, laranja e manga
Batata-doce, queijo e caju
Cenoura, jabuticaba, guiné,
Galinha, pato e peru
Tem bode, carneiro e porco
E se duvidar inté cururu
Tem cesto, balaio, corda
Tamanco, gréia, tem tatu
Tem fumo, tem tabaqueiro,
Tem peixeira e tem boi zebu
Caneco, alcoviteiro, peneira
Boa e mel de uruçu
Tem calça de alvorada
Que é prá matuto não andá nu
A feira de Caruaru...Tem rede, tem baleeira
Móde menino caçá lambu
Maxixe, cebola verde, tomate
Coentro, couve e chuchu
Almoço feito na corda
Pirão mexido que nem angu,
Tem fia de tamborete, que
Dá de tronco de mulungu
Tem louça, tem ferro velho,
Sorvete de raspa que faz jaú
Gelado caldo de cana,
Planta de palma e mandacaru
Boneco de Vitalino, que são
Conhecido inté no Sul
De tudo que há no mundo
Tem na feira de Caruaru
A feira de Caruaru... No dia 6 de dezembro de 2006, a feira de Caruaru recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, concedido pelo Ministério da Cultura, através do Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco
postado por tony José sexta feira, 7 de outubro de 2011
postado por tony José sexta feira, 7 de outubro de 2011
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