sexta-feira, 21 de outubro de 2011

0 Lourival Batista



Lourival Batista Patriota, também conhecido como Louro do Pajeú, filho de Raimundo Joaquim Patriota e Severina Guedes Patriota, nasceu no dia 06 de janeiro de 1915, no povoado de Umburanas, hoje município de Itapetim-PE (na época                     pertencente  a São José do Egito-PE).

Concluiu o curso ginasial em 1933, no Recife - PE, de onde saiu com a viola nas costas, para fazer cantorias. Foi um dos mais afamados poetas populares do Nordeste e, além da cantoria, a outra única atividade que exerceu foi a de banqueiro de jogo de bicho, mas sem sucesso.
Lourival fora ouvir uma cantoria de Antonio Marinho (a Águia do Sertão) e, nessa oportunidade, estimulado por alguns conhecidos, cantou versos improvisados com um violeiro de nome Pedro Ferreira, isso em 1930.

Irmão de outros dois repentistas famosos (Dimas e Otacílio Batista) formavam uma trindade de repentistas das mais famosas. Foi um dos grandes parceiros do paraibano Pinto do Monteiro, com quem formou a melhor dupla de cantadores de todos os tempos.

Foi casado com Helena Marinho, filha do grande poeta e cantador Antonio Marinho. Lourival Batista foi agraciado pelo povo com o titulo de “rei dos trocadilhos”, faleceu em São José do Egito, no dia 05 de dezembro de 1992.

Numa cantoria em São José do Egito, um rapaz que atendia pelo nome de Deca, ouvia os belos improvisos de Lourival, sem manifestar qualquer desejo de colaborar com os cantadores. A certa altura da cantoria, Lourival dirigiu-se ao rapaz, tomando por base as quatro letras que formavam seu apelido:

Boto o “d” e boto o “e”
Boto o “c” e boto o “a”
Depois um acento agudo
Em vez de Deca, é Decá!
Tiro o “d” e tiro o “e”
Seu Deca, venha até cá.


De outra feita recebeu um mote do poeta, político, advogado e amigo, Raimundo Asfora: Não tive amores sonhei-os mas possuí-los não pude.

Louro glosou:

Entre profundos abalos
e pesadelos medonhos,
sonhos, sonhos e mais sonhos,
sem poder realizá-los.
sentindo na fronte os halos
das auras da juventude,
só nunca tive a virtude
de dormir entre dois seios,
não tive amores sonhei-os
mas possuí-los não pude.


Outro mote de Raimundo Asfora foi: Mulher não tem coração.

Lourival glosou:

Um cientista profundo
solicitou, certa vez,
que eu lhe dissesse os três
desmantelos desse mundo.
Eu respondi, num segundo,
é mulher, doido e ladrão.
Expliquei mais a razão:
ladrão não tem consciência,
doido não tem paciência,
mulher não tem coração.


Cantavam na vila de São Vicente, hoje município de Itapetim-PE, quando Lourival Batista, falando sobre plantas, usou o termo “carola” em vez de “corola”. Pinto do Monteiro bateu forte:

Um rapaz que teve escola
e ainda canta errado
fala em flor e diz “carola’
muito tem-se confessado
parte de flor é “corola”
precisa tomar “coidado”.


O cochilo de linguagem de Pinto, falando “coitado”, em vez de “cuidado”, deu a Lourival a oportunidade de poder vingar-se do colega. E fulminou:

Pra não ter um só errado
errei eu, erraste tu,
errou Pinto do Monteiro
e Louro do Pajeú
nesta palavra “coitado”
tire o “o” e bote o “u”.


O poeta Louro do Pajeú recebeu o seguinte mote de um amigo: Quem casa faz uma cruz pra morrer cravado nela.

Então Lourival prontamente glosou:

Jesus não morreu tão moço
mas nunca quis companheira,
quis uma cruz de madeira,
porém, não de carne e osso.
Não lhe seduziu o esboço
do perfil da mulher bela,
não deu tais honras a ela,
sabido só foi Jesus,
quem casa faz uma cruz
pra morrer cravado nela.


                                                   Fonte: clube do repente

           postado por tony josé sexta-feira,21 de outubro de 2011 
                                                                  

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